sábado, 20 de março de 2010

"Dreamgirls - Em Busca de um Sonho"

 Não gosto muito de musicais, a não ser quando contam história reais, ainda mais sobre grandes estrelas da música, como Ray (de 2004). Aí a coisa fica muito mais interessante, pois mata curiosidades biográficas e musicais sobre astros que realmente existiram.
DreamGirls é mais ou menos uma história verídica. Baseada na jornada do trio The Supremes e passado em Detroit na década de 60, alguns fatos foram modificados e nomes de artistas e bandas foram trocados, mas é claro que são as Supremes que estão ali, assim como outras estrelas, do porte dos Jackson 5.
O filme começa com Curtis (Jamie Foxx, de Ray), um vendedor de carros que sonhava com carreira de empresário musical tendo a oportunidade de sua vida: encontra o trio The Dreamettes e passa a gerenciá-las. As cantoras do grupo são Deena Jones (Beyoncé Knowles), Lorrell Robinson (Anika Noni Rose) e Effie White (Jennifer Hudson).
Apesar de ser um musical, o filme exagera um pouco na quantidade de cenas com texto cantado, porém a direção de arte é impecável, assim como a maioria das atuações. Eddie Murphy, mesmo com sua antipatia habitual, arrasa em sua atuação dramática.
O sucesso das Dreamettes começa exatamente quando elas passam a se apresentar junto com James "Thunder" Early (Eddie Murphy). Curtis troca a cantora principal do grupo e, pensando sempre apenas no sucesso comercial da música, assina e rompe contratos como quem troca de roupa, magoando muitos artistas ao seu redor.
Assim, no filme há aquela crítica sempre bem-vinda ao excesso de comercialização e industrialização da música, assim como à briga de egos que, no fim, vê-se estúpida e inútil.
Com músicas agradáveis, bem dentro do contexto, boas cantoras e uma ótima surpresa -a atuação de Jennifer Hudson, que ganhou o Oscar de Atriz Coadjuvante pelo filme em 2007-, Dreamgirls é um típico musical norte-americano, bem feito e eficiente.

#titulo original: (Dreamgirls)
#direção: Bill Condon 
#duração: 131 min
#gênero: Musical

Nota da Valéria: 7,5/10 

sábado, 13 de março de 2010

"Um Homem Sério"

Bem no estilo dos irmãos Coen (de "Onde os Fracos Não tem Vez"), Um Homem Sério - indicado a melhor filme no Oscar 2010-, me agradou. Talvez porque eu não esperasse respostas e por ter percebido desde o início que o filme não era resposta e sim uma grande pergunta. Sobre muitas coisas.
Eu vou ter que usar a primeira pessoa nesta resenha. Porque me identifiquei com o filme. Não com tudo, mas com algumas coisas dramáticas que acontecem na nossa vida quando menos esperamos. Larry (Michael Stuhlbarg), personagem principal, é realmente um homem sério, judeu, pai de família - dois filhos nada amáveis: um garoto revoltado e uma garota chatinha que só pensa em lavar o cabelo-, professor de física. Sem mais nem menos, sua esposa vem lhe falar, na maior naturalidade, que quer se divorciar para ficar com um colega de Larry. Assim, "na lata". É nessa parte que eu me identifico, entende? Essas traições e rupturas acontecem quando menos esperamos e quando há traição, com quem menos esperamos.
Isso vem como um furacão na vida de Larry. É só o começo de muitos problemas. Seu irmão é acusado de "sodomia" pela polícia, ele é subornado e ameaçado por um aluno que tirou nota baixa em sua matéria, nenhum dos rabinos procurados por ele parece lhe dar uma resposta para tanta angústia, etc. Mas é isso que eu falei: o filme não é uma resposta, é uma pergunta. Uma pergunta gostosa de se acompanhar, com uma fotografia agradável, boas atuações, boa dose de realismo (ou pessimismo? depende do ponto de vista), ótima direção e roteiro. A introdução do filme é praticamente um curta metragem à parte.
Quando assistirem ao filme, lembrem do furacão que mencionei acima. Furacões vem do nada, sem explicações e carregam tudo consigo, certo? No filme há uma sutil referência a isso, que por muitos deve ter passado despercebido. Mas eu percebi. E o nonsense do filme para mim fez mais sentido que nunca.


# título original: A Serious Man
# gênero: Drama e Comédia
# direção: Ethan Coen e Joel Coen
# duração: 105 min

Trailer


Nota da Valéria: 9/10

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Bastardos Inglórios"


A criatividade "pop art" de Quentin Tarantino é de deixar qualquer um boquiaberto. As várias referências musicais e cinematográficas do diretor, além das culturais em geral, conseguem fazer com que até um filme de época pareça algo transcendental.

Em "Bastardos Inglórios", Tarantino inova quando faz a mixagem de fatos reais com pura ficção. Nada menos do que a Segunda Guerra Mundial, o Nazismo, a SS e os judeus perseguidos (fatos reais) misturados com a história fictícia de uma judia (Laurent) que conseguiu escapar de um coronel nazista que matou toda a sua família na França e o reencontra tempos depois, podendo se vingar. Christoph Waltz - indicado merecidamente pelo papel a Melhor Ator Coadjuvante no Oscar 2010 -, é o tal coronel, simplesmente a mais brilhante atuação do filme, devido ao seu cinismo tão bem construído.



Outro ingrediente da mistura genial e organizada do filme é o grupo "Os Bastardos", que tem por objetivo exterminar os nazistas e atrapalhar seus planos. O chefe dessa patrulha é Aldo Raine (Brad Pitt), que deixa uma suástica nazista feita a facão na testa de suas vítimas sobreviventes; obviamente a violência física, tão apreciada por Tarantino, tem seu lugar no filme. Hitler e outros famosos generais também aparecem. O engraçado do roteiro é que até o fim de Hitler é modificado.

Cheio de nuances históricas (temperadas por músicas mais modernas como Cat People de David Bowie - mais uma referência pop de Quentin), boa parte de Inglorius Basterds se passa justamente em um cinema, do qual a dona é Shosanna Dreyfus interpretada com muito glamour pela atriz Mélanie Laurent. Ironicamente, o único amigo dela é um negro, "raça" odiada pelos nazistas.
Daniel Brühl, conhecido e jovem ator alemão, interpreta um soldado nazista que apaixona-se por Laurent e acaba por conseguir que a estreia de um filme sobre sua própria história militar(e na qual ele mesmo atua), seja realizada no cinema da moça. Lembram que ela é judia? Pois é, mas aqueles nazistas todos nem imaginam. Daí por diante, perigo à vista.

# título original: Inglorius Basterds
# gênero: Guerra
# direção: Quentin Tarantino
# duração: 162 min

Trailer



Nota da Valéria: 10/10