quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Across The Universe"


Um filme sobre amor, passado na turbulenta e revolucionária década de 60. Trilha sonora: Beatles, Beatles e Beatles. A primeira cena é belíssima, uma introdução calma para o subsequente turbilhão. Jude, interpretado pelo lindíssimo Jim Sturgees, canta sobre sua amada - Lucy (Evan Rachel Wood, belíssima como sempre e numa ótima atuação) em uma praia num dia frio. A primeira cena do musical que realmente me marcou foi a de "Let it be". Logo depois, "Come together", mostrando a atmosfera da Nova York dos anos 60, é realmente convincente. Jude é um cara inglês que vai aos EUA em busca de seu pai. Lá, conhece o irmão de Lucy, que o leva para NY e para todo tipo de festa e ambiente propício ao clima proposto pelo filme. Em uma dessas cenas, uma cantora chamada Sadie, que muito me lembra o estilo da Janis Joplin, causa excitação em quem a ouve naquele clima de noite de rock e descontração. A escolha das músicas é sempre perfeitamente cabível às cenas. E saíram do clichê, não usam somente as mais famosas e tocadas dos garotos de Liverpool. Direção de arte (Peter Rogness) super bem pensada, impecável. Em alguns momentos a cenografia e os efeitos especiais me lembraram a maravilhosa série Angels in America. Em outros, a diretora brinca de alterar as cenas para o modo preto e branco. Mas nem tudo é diversão, sexo, drogas e rock n'roll. Há um lado politizado no filme, que mostra seus personagens realmente engajados, participando de protestos pacíficos pelo fim da guerra no Vietnã. Algumas cenas parecem surreais ou psicodélicas, bastante cor. Em um dado momento me senti dentro do país das maravilhas de Alice, por tanto surrealismo!

No início, o filme parece meio monótono, chato, o roteiro parece que não vai se desenrolar. Mas, apesar deste não ser o ponto mais atraente da obra, ele é bom, apesar de simples. A partir dos trinta minutos a história começa a melhorar. E lembro, o filme é recheado de música dos Beatles mas não é sobre os Beatles. O problema é que neste musical os diálogos e a própria história não são o mais importante e sim como o roteiro é apresentado esteticamente e musicalmente. Por isso digo que é um tanto aexperimental e a direção de arte arrebenta. Prova disso é a fantástica cena de "Strawberry Fields Forever" e de "Across The Universe". A diretora, Julie Taymor, parece se importar bastante com as cores e estética de seus filmes, vide "Frida". Que a cineasta continue assim.
 

 
#titulo original: Across The Universe
#direção: Julie Taymor
#duração: 131min
#gênero: Musical

*Nota da Val: 8,5/10

sábado, 3 de abril de 2010

"Chico Xavier"

São Luís, 02 de Abril de 2010. Fila do cinema ultrapassando o salão de espera e indo até a praça de alimentação do shopping. Jovens, idosos, crianças. Aquela fila única, num cinema com dez salas, era somente para a sala 10: o filme era sobre Chico Xavier. É incrível ver que nesse mundo caótico ainda existam tantas pessoas em busca de algo Superior.
Tenho espiritualidade mas tentarei fazer a resenha da forma mais imparcial possível, se é que isso pode ser feito, afinal o filme é sobre religiosidade, espiritualidade. Então mudo de ideia neste exato momento e vejo que isso é realmente impossível. Emocionei-me em vários momentos da história. E mesmo quem não é espiritualista deverá se emocionar com a história de vida de Chico Xavier, porque antes de ser um médium ele era um homem e um homem que teve uma infância e uma adolescência muito sofridas. Para se ter ideia, a mãe de Francisco Cândido Xavier morreu quando o garoto tinha 5 anos de idade. Após isso, ele ficou aos mandos se sua madrinha, que o obrigava a lamber feridas de seu filho e dava garfadas na barriga de Chico. Depois disso, sua primeira madrasta (não confudam com a madrinha citada anteriormente) morreu, deixando o garoto órfão duas vezes. Trabalhou desde cedo, estudou somente até a 4ª série. Mas era um homem disciplinado e motivado a aprender. E assim motivou-se desde bem jovem a estudar a fundo a doutrina para a qual tinha o dom, a Doutrina Espírita. Emmanuel, seu guia espiritual, ensinou bem seu aprendiz. Já os aspectos artísticos do filme são também surpreendentes. Atuações estupendas de Christiane Torloni e Tony Ramos, que interpretam um casal que foi atendido por Chico de forma inesperada após perderem o seu filho. O caso desta psicografia, em especial, é muito interessante pois na carta o filho deles inocentava seu assassino, dizendo que tudo foi um acidente. E a Justiça acatou, fato que entrou para a História Judicial do país. Já Chico Xavier é interpretado por três bons atores, Mateus Rocha - ator mirim-, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, que é um excelente ator por natureza e faz uma atuação impecável, além da aparência, muito similar à de Chico. Outros ótimos atores conhecidos fazem pequenas participações, como Letícia Sabatella, Cássia Kiss, Giovanna Antonelli, Giulia Gam, Paulo Goulart, Ana Rosa, etc. Todos prazerosamente eficazes. A direção de Daniel Filho, por sua vez, é extremamente profissional com boa dose de poesia e uma ótima fotografia. As imagens mineiras ajudam bastante. "Chico Xavier" é baseado no livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior. Já li a biografia e creio que para os que acreditam no espiritismo ou para os que querem acreditar, é essencial ler o livro, de preferência antes de ver o filme. Mas se não for possível, o filme por si só já dá uma ótima base do que foi a vida e o trabalho do grandioso Chico Xavier. Uma obra da Sétima Arte para espíritas e não-espíritas, sem dúvidas.

Curiosidade: Chico morreu exatamente como preveu: após todo o Brasil estar feliz. No final do filme entenderão o porquê.

 Trailer


#direção: Daniel Filho
#duração: 125 min
#gênero: drama, espiritualidade



Nota da Val: 9,5/10